O aumento imposto aos consumidores pela Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) é um soco no estômago da recuperação econômica do Rio Grande do Sul, já sacrificado pelo déficit público e pelo aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Os maiores prejudicados com esse reajuste de cerca de 30%, mais de dez vezes superior à inflação anual, são consumidores e pequenos e médios empresários que não recorrem ao mercado livre de energia. Além do impacto direto na fatura, clientes da empresa arcarão também com as consequências dos repasses indiretos por parte de fabricantes e fornecedores de serviços, numa reação em cadeia que prejudica a todos.
O reajuste fora dos padrões deve ser colocado também na conta do aumento da ineficiência geral e histórica da CEEE.
A responsabilidade por este aumento absurdo diante de uma inflação de menos de 3% tem origem no decreto da ex-presidente Dilma Rousseff que, numa ação equivocada para sufocar o aumento de preços no início de 2013, desestruturou o modelo brasileiro. Estamos pagando hoje pelo equívoco, como aliás alertavam os especialistas na época.
O reajuste fora dos padrões deve ser colocado também na conta do aumento da ineficiência geral e histórica da CEEE, que abrigou por muito tempo uma indústria de ações trabalhistas e apaniguados políticos. Independentemente do mega-aumento, é mais do que urgente privatizar a companhia, bem como de resto o ineficiente sistema estatal elétrico brasileiro.
Há urgência também no aperfeiçoamento dos modelos de regulação e controle sobre geração e distribuição de energia. Esse é um sistema por demais estratégico para que seja deixado ao bel-prazer de corporações e indicações políticas.