A notícia de que, em Santa Cruz do Sul, 63% dos estudantes sofreram bullying reacende uma discussão sobre o tema. No ano passado, realizamos uma pesquisa com os nossos estudantes e também foi constatado que 50,2% dos alunos do Ensino Fundamental – anos finais – sofreram bullying na escola. Pesquisa do IBGE realizada em 2016 aponta que os casos de bullying nas escolas têm aumentado no Brasil e o problema já é considerado de saúde pública. Mas as escolas, em sua maioria, ainda não identificam essa violência ou, quando identificam, se calam diante da situação, que muitas vezes se estende até ultrapassar os limites de aceitação, do respeito ao ser humano.
Os jovens são reflexo da sociedade em que vivem
O bullying é um assunto que precisa ser discutido no âmbito escolar, uma vez que as consequências desse tipo de violência atingem o desenvolvimento cognitivo e afetivo dos alunos vitimados. Urge a necessidade de abrir um canal de comunicação com esses estudantes, para que possam externar os seus sentimentos, pois a grande maioria dos casos de bullying acontece de forma velada, sem que os adultos percebam, e as vítimas dessas agressões sofrem muitas vezes em silêncio.
A escola precisa ter a coragem de conhecer o que de fato acontece em seu ambiente para, então, intervir na realidade, através de estratégias de prevenção, com ações envolvendo e comprometendo a todos, colocando o assunto em questão para que seja amplamente discutido, envolvendo toda a comunidade educativa: alunos, pais, professores, direção e serviços pedagógicos, quebrando assim a "lei do silêncio".
O bullying é um problema grave e precisa ser tratado com seriedade por todos os envolvidos no contexto escolar. Segundo La Taille (2001, p.11), os jovens são reflexo da sociedade em que vivem, e não uma tribo de alienígenas misteriosamente desembarcada em nosso mundo, com costumes bárbaros adquiridos não se sabe onde. Precisamos semear o bem, para que os alunos sejam pessoas melhores neste mundo, pois a escola também tem responsabilidade na formação ética.