Na última semana, a PUCRS sediou o 8º Simpósio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentável, que discutiu temas que são fronteira no debate sobre sustentabilidade no mundo: bioeconomia, oceanos, água, biodiversidade, infraestrutura urbana, dentre outros. E, claro, o tema que não poderia faltar é mudança climática. Tive a satisfação de acompanhar um debate sobre o tema, que foi protagonizado por três geocientistas, dois alemães e um brasileiro. Não imagino que tenha sido combinado previamente entre eles, mas o fato é que os três falaram sobre a existência ou não de mudança climática, ao contrário de aprofundar argumentos mais complexos.
Eles defenderam que existe mudança climática em curso – e que as evidências são fortes o bastante para não serem levianamente refutadas pela retórica. No entanto, outros dois pontos de consenso entre eles merecem maior destaque. O primeiro é que a Terra já passou por outras mudanças climáticas (até mais severas que a de hoje) e também por outros momentos mais quentes. Neste sentido, geologicamente falando, em uma escala de tempo de milhões de anos, não há novidade.
Porém, o segundo ponto de consenso é o tipo de indução da mudança climática atual. Os cientistas vêm destacando que mais da metade do que está ocorrendo, aproximadamente, é induzido pelo homem. E isso faz toda a diferença no ciclo geológico natural, seja pela velocidade imprimida, seja pelas consequências sobre nós mesmos.
Estes dois pontos, então, levaram a um debate diferente: comunicação. Alguns anos foram necessários para que os termos "aquecimento global" e "mudança climática" passassem a circular entre as pessoas. No início, era um debate quase que estritamente científico, dominado por profissionais das geociências. A partir dos resultados obtidos pela ciência, a discussão tomou mais corpo político e alcançou agendas eleitorais, movimentos da sociedade civil e páginas do Facebook. Mas, ainda de forma atravessada, ideológica e pouco efetiva.
Já que parte importante da mudança climática é induzida pelo homem, como se comunica isso às pessoas para que mudanças de comportamento possam ajustar nossa rota? Sobre isso, ainda não há consenso. O desafio gigantesco é chegar até as pessoas de modo resolutivo, para gerar resultados, sem precisar pedir que, por favor, leiam um texto.