Muitas vezes a coluna elogia o trabalho dos policiais, a verdadeira linha de frente contra a barbárie que tornou o Brasil campeão mundial em violência – basta ver os rankings e sempre há alguma cidade brasileira no top do listão dos homicídios e outros crimes de sangue. Só que hoje é dia de crítica. Impossível silenciar diante do abuso de autoridade praticado por um PM contra a colega fotógrafa de Zero Hora, que cobria as manifestações contra o fechamento da exposição “Queermuseu” no Santander Cultural.
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A jornalista Isadora Neumann não carregava pedras, apenas máquina fotográfica. Ela estava a trabalho, não praticou agressão. Fez o que todo repórter faz: documentou. Estava identificada. Mesmo assim, ao filmar a prisão de dois manifestantes, foi atingida no rosto por spray de gás de pimenta disparado por um PM de um Pelotão de Choque. O militar agiu de propósito. Viu que ela era fotógrafa e mesmo assim caminhou até ela e borrifou o gás. Abuso de autoridade.
Não é a primeira vez em que repórteres, no Rio Grande do Sul, são agredidos por policiais durante cobertura de manifestações. Tem se tornado demasiado frequente. Falta orientação para diferenciar quem é parte ativa num confronto e quem documenta as coisas? Ou é proposital a agressão aos repórteres, para que deixem de cumprir seu trabalho? Parece que, na falta de boas notícias, alguns servidores públicos decidiram agredir o mensageiro. Não vai funcionar. Nunca funcionou. Sempre haverá uma câmera, um gravador e uma caneta. Do cidadão ou do profissional.