* Jornalista, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Indústria Criativa na Unipampa
No mundo todo, temos visto uma ascensão e disseminação de ideologias que pregam o ódio e o preconceito. Dias atrás, deparamos com a notícia das passeatas neonazistas que ocorreram nos EUA. Contudo, esses movimentos vêm ocorrendo no mundo todo. Defensores de ideias retrógradas e preconceituosas ganham voz e seguidores na sociedade em que vivemos.
A expansão mundial da internet e das redes sociais proporcionou inúmeras transformações sociais, econômicas e culturais. Henry Jenkins, estudioso dessas transformações, destaca aspectos positivos como a democratização do espaço público, que proporcionou voz a grupos anteriormente excluídos do debate. Contudo, as ideologias do ódio também mostram a que vieram e encontram na rede o ambiente propício para a difusão de suas ideias.
No ambiente virtual atual, criou-se uma confusão semântica, no sentido de que liberdade de expressão tem sido confundida com liberdade de opressão. Contudo, esse direito não é ilimitado, pois segundo a Constituição Federal, ao mesmo tempo que assegura pelo Art. 5º a garantia da livre manifestação do pensamento, ela também prevê em seu parágrafo XLI do mesmo artigo que qualquer atentado discriminatório aos direitos e liberdades fundamentais será punido por lei.
Mais do que uma discussão sobre legislação e meios de comunicação, essa questão tem a ver com educação. Como disse, certa vez, o vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela: "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender. E, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto".
Essa é sim uma questão de educação, mas não apenas de educação escolar, e sim como responsabilidade de toda a sociedade. Enquanto vivermos na lógica individualista da hipermodernidade, no qual ela é vista apenas como meio de formação para ascensão profissional, a tendência, infelizmente, é piorar. Pois como, certa vez, destacou Paulo Freire: "Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda".