* Universitário, membro do DCE/UFRGS
As manifestações que sacudiram o Brasil em 2013 abriram um novo ciclo de mobilizações no país. O seu desfecho multifacetado e muitas vezes contraditório não apaga as suas origens na defesa do transporte público e o seu caráter de reivindicações por mais direitos.
Na contramão da vontade popular, as esferas de governo têm imposto ataques a direitos conquistados pelo povo e pela juventude e em Porto Alegre Marchezan segue o mesmo caminho. Nas últimas semanas, acompanhamos o anúncio do fim de programas como o UniPoa e do Pré-Vestibular Popular, POP, que garantem o acesso de estudantes de baixa renda ao ensino superior, assim como a restrição na oferta da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
O pacote enviado à Câmara pela Prefeitura para rever as isenções em tarifas de ônibus representa um grande risco para toda economia da Capital. Ao propor o fim da gratuidade para idosos entre 60 e 64 anos, acabar com o meio passe para professores e limitar o direito dos estudantes, o prefeito coloca no horizonte mais um peso no bolso de todas as famílias do município com um novo gasto fixo diário, deixando também em cheque o acesso à cidade, saúde, cultura e educação.
Marchezan não se compromete em reduzir o preço da passagem e nem garante que não haverá novo aumento com o projeto aprovado. Enquanto a tarifa sobe acima da inflação e o número de passageiros se reduz anualmente, opta-se por retirar direitos a resolver estruturalmente o transporte na Capital.
A prefeitura de Porto Alegre em sua busca desenfreada e sem critérios para cortar gastos e acabar com supostos "privilégios", tenta ao mesmo tempo esconder que seus PL's atingem e prejudicam em especial as famílias de baixa renda, que serão as principais afetadas com a restrição do meio passe estudantil. Porto Alegre não aceitará tais retrocessos e, mais uma vez, se levantará em defesa do transporte público e de qualidade.