* Administradora de empresas
Este é um pensamento sobre uma era abaixo de qualquer suspeita. Pretensiosamente, uma opinião sobre toda essa decadência. Quem acompanha os parlamentares das duas casas em Brasília percebe que ali o tom é dado pelo oportunismo narcisista dos dois lados. "Os muy amigos del rey" e os que querem ser. Todos da mesma praia, entre as areias do monte de dinheiro, nas ondas da notoriedade, no surfe do exibicionismo. Nosso dia a dia ensina mais do que todo blá-blá-blá dos discursos eruditos, imperativos, que, para nós, são estéreis. Com seus looks rijos, engravatados, nos seus carros pretos, assistem às mortes nos corredores dos hospitais e à violência nas ruas, com a indiferença de quem já viu esse filme antes. À noite, rapeia e arrepia no cheiro que cola do expresso do povo. E eles assistem das janelas à degradação do alheio. Voyeurismo soft, pensam. E, para enfrentar o futuro cegante, compram ray bans. O governo vai diluindo em escândalos, enquanto os pesadelos nacionais se multiplicam. Via satélite, assistimos boquiabertos a homens e mulheres negociarem indiferença.
E a Justiça? Aquela, a maiúscula, a abstrata? Morreu de velha quando se decretou o direito à diferença. E a coisa está mais ou menos assim: passe o cartão, escolha a opção de pecados, pague a sua dívida com milhares de maços de notas, aperte o botão e mude de missa. E tem gente que ainda acredita que vai ser salva por esta "academia ambulante de lucidez".
O governo conspira, arma a claque, autoadesiva ou comprada, que aplaude constrangida. Somos um povo bobo, que despreza fontes confiáveis de informação, mas respeita quem nos oprime. Servidão eterna e voluntária deste Brasil. Chega da lei do lucro e da conveniência. Chega desse adultério, dessa traição. Quem tem o poder tem o dever de fazer o que é certo, o que é ético, o que é moral. Isto é ter Excelência, não esse jogo sujo de aparências, ouviu "excelência"? Data vênia, mas não posso mais ficar na sombra e no silêncio. E vamos em frente, enquanto seu lobo não vem.