* Estudante de jornalismo Universidade Federal do Pampa (Unipampa)
Um debate que é carregado de preconceito velado. Cresce um debate sobre o ritmo musical que surgiu com os afroamericanos na década de 60, nos Estados Unidos, e migrou até as periferias brasileiras. O funk nacional surge mostrando o cotidiano dos "favelados", graças à batida e ao ritmo virou um grande mercado e baixou os morros tornando-se febre entre os jovens do país. O debate inicia quando o empresário paulista cria uma "ideia legislativa", que criminaliza o funk como "falsa cultura" e um crime de saúde pública que atinge crianças e adolescentes.
O funk retrata uma realidade. Drogas, violência e tantos outros crimes que acontecem nas periferias e ganham visibilidade através da música. Sim, funk é música, "é uma forma de arte que se constitui na combinação de vários sons e ritmos", portanto, esta marginalização do ritmo ocorre a partir de senso comum. Que desconsidera tudo que é derivado da favela.
O que ocorre com o funk hoje, já ocorreu com o samba no passado, outro ritmo que surge no alto dos morros e conquista várias classes sociais. Com o passar do tempo, o samba acabou sendo tolerado e incorporou-se à cultura nacional. Noel Rosa e Ary Barroso, sambistas brancos e de classe média, influenciaram esta aceitação. Contribuindo para a chegada do samba na burguesia e nas principais rádios da época.
Percebemos que ainda existe um preconceito contra esta cultura, neste caso o funk. Vai além de uma simples aversão às músicas que têm letras explícitas. O uso destas expressões também é observado em sertanejos, forrós e até músicas internacionais. Rotular e criminalizar o funk, ou qualquer outro gênero musical é impor limites à liberdade de expressão. E, acima de tudo, desrespeitar os apreciadores e os "favelados" que deixam de lado o crime e trabalham nesse mercado. Bezerra da Silva no álbum A voz do morro, escreveu: "Se não fosse o samba, quem sabe hoje em dia eu seria do bicho". Esta frase, que retratava o cenário da época, pode ser atualizada para o tráfico. A classe média criminaliza a cultura do morro.