Enquanto as instituições fazem o que podem para coibir e punir deformações na política, os partidos, de maneira geral, simplesmente ignoram as irregularidades praticadas por seus integrantes. Em três anos de atividades da Lava-Jato, quase cem políticos das quatro maiores legendas – PP, PT, PMDB e PSDB – foram envolvidos em denúncias. Ainda assim, conforme o jornal O Globo, apenas dois processos foram abertos. Essa leniência, que favorece a impunidade, ajuda a explicar a gravidade da crise política enfrentada hoje pelo país, com repercussões sobre a área econômica e prejuízos para todos os brasileiros.
Com poucas exceções, os partidos não se preocupam nem em cobrar lisura de quem se habilita como candidato, nem em aplicar punições quando algum deles sai da linha. A sociedade precisa cobrar mais rigor. O problema não está nos estatutos e códigos de ética das agremiações. A maioria delas tem normas rígidas para punir atos de improbidade cometidos no exercício de cargos públicos. Ainda assim, só houve instauração de procedimentos contra dois dirigentes petistas, e ambos pediram desfiliação.
A questão é que a maioria dessas transgressões tem relação com as cúpulas partidárias. Nos quatro partidos com mais nomes de políticos envolvidos em corrupção, todos os presidentes são investigados.
Obviamente, essa é uma questão que não será resolvida apenas com a punição de dirigentes. Ainda assim, é inaceitável que legendas possam atuar como feudos, com dirigentes interessados em se perpetuar no poder para contemplarem interesses próprios. Essas são deformações que precisam ser enfrentadas com uma reforma política ampla, quando os parlamentares se dispuserem a levá-la adiante.