* Acadêmico de Direito da Unisinos
Faltando pouco mais de um ano até a realização das próximas eleições, ainda é muito cedo para prever o que irá acontecer. Entretanto, é inevitável analisar os últimos resultados das urnas pelo mundo e relacionar à nossa realidade. A possibilidade de renovar o ambiente político parece fundamental, porém, ao mesmo tempo, também se corre o risco de ver emergir lideranças populistas na carona do sentimento de mudança.
As eleições realizadas recentemente em EUA, França, Holanda e Áustria tiveram algo em comum, independentemente dos resultados: um forte sentimento antiestablishment, resultado da descrença com aqueles que foram eleitos e a falta de representatividade dos partidos. Diante de tamanha rejeição a figuras tradicionais verificada mundo afora, é preciso questionar: será que veremos algo novo no Brasil em 2018?
O ingresso de pessoas e partidos sem os vícios comuns de nosso sistema político é essencial para o fortalecimento da democracia. Entretanto, é preciso cuidado para evitar cair na tentação das soluções simples aos problemas complexos, pois, no caso brasileiro, quem vier a ser eleito no próximo ano deverá ser capaz de construir consensos diante de uma sociedade dividida.
Em nosso país, o ambiente torna-se cada vez mais favorável à entrada de outsiders, tendo em vista estarmos diante de um dos momentos mais críticos de nossa história. Entretanto, outsider não significa necessariamente alguém de fora da política ou desvinculado dos tradicionais partidos, como bem definido pelo economista Marcos Troyjo: "Pode significar também aquele contrário ao que é tristemente convencional no país. Repudiar populismo, experimentalismo macroeconômico e uma economia política de compadrio é ser outsider, pois esta é, há muito tempo, a tríade mainstream no Brasil". Nesse sentido, entende-se que a verdadeira mudança virá das ideias e não de velhos discursos travestidos de novidade, caberá aos eleitores fazer essa distinção, caso contrário, veremos mais quatro anos de instabilidade.