* Secretário adjunto de Parcerias Estratégicas de Porto Alegre
A Friends of The High Line (FHL) é uma ONG nova-iorquina que gerencia o High Line Park, o parque suspenso no sul de Manhattan. Esse grupo, além de ter sido responsável por idealizar um dos parques públicos municipais mais ousados e modernos do mundo, é atualmente encarregado por toda a operação e manutenção do local, suprindo 100% do orçamento do parque.
O High Line é um parque público construído sob a abandonada linha férrea suspensa da cidade, que ligava o antigo porto de Nova York ao sul da cidade. Com o fim do tráfego ferroviário em 1980, uma paisagem espontânea começou a crescer entre os lastros de cascalho e os trilhos, no topo da estrutura em desuso. Em 1999, moradores de West Chelsea, se organizaram para tentar salvar a estrutura que estava sob risco de demolição e fundaram o FHL.
Com o apoio institucional da Prefeitura e de empresas parceiras, o grupo realizou um concurso internacional para verificar propostas que poderiam ser utilizadas para a preservação da antiga linha férrea – 720 projetos de 36 países foram analisados. O projeto vencedor idealizou a construção de um parque, capaz de destoar da selva de concreto da região.
A conversão de uma via de transporte ferroviário em parque exigiu um trabalho em várias etapas. Primeiro a grama, o solo, os trilhos, os dormentes, e outros materiais foram removidos. O local foi reparado e impermeabilizado. Depois, a instalação dos caminhos, pontos de acesso, assentos, iluminação, infraestrutura de plantio e das próprias plantas. Em 8 de junho de 2009, o parque foi aberto ao público.
O mais incrível dessa história é a capacidade de organização e iniciativa da sociedade, para buscar a preservação da antiga estrutura e encontrar formas viáveis de uso público e gestão independente. Um grupo capaz de gerar um impacto urbano positivo, em que a Prefeitura teve uma participação apenas de coadjuvante e o ator principal foi a comunidade organizada.
Muitos dirão que essa não é a realidade de Porto Alegre, mas devemos nos lembrar que para nos tornarmos uma cidade do século 21, precisamos agir como cidadãos do século 21 – fazendo mais por nossa cidade, e não esperar que a cidade faça por nós.