É surpreendente e, ao mesmo tempo, preocupante que, em meio a queixas sistemáticas de falta de eficiência na área de saúde pública, um percentual tão elevado de gaúchos tenha deixado de se prevenir da gripe. Em comparação com o ano passado, o número de casos e de mortes provocadas pela doença baixou consideravelmente em 2017. A população, porém, não pode ficar à espera de uma situação de descontrole para, só então, procurar os postos de vacinação. A pouca adesão à campanha chama a atenção particularmente no caso das crianças, pois passa a ideia de que os pais não estão devidamente conscientizados sobre os riscos desse tipo de atitude.
Diante da elevação do número de casos no Hemisfério Norte, o poder público antecipou em 20 dias o início da imunização neste ano. E, ainda que o período de vacinação não tenha coincidido com turbulências climáticas expressivas, a procura foi reduzida na maioria das regiões. Num Estado em que o fornecimento de muitos medicamentos precisa ser assegurado pelo Judiciário, o desinteresse por uma vacina sem custo para os beneficiários, mas dispendiosa para o país, não tem como passar despercebido.
O poder público contribuiria mais para reduzir os riscos se evitasse alternativas como as constantes ampliações de prazos. É preciso que a sociedade se conscientize da importância de observar as regras e o cronograma oficial de todos os anos, para se beneficiar plenamente das campanhas contra a gripe.