Esta semana foi longa, parece que começamos lá em 2013. Mais ou menos como ter saído para uma manifestação, num fim de tarde modorrento em Porto Alegre e ter caído num loop temporal em que, todos os dias, nos obrigamos a acordar, ver as notícias, nos engajar na luta e tocar a vida por cima. Porque, todos os dias, temos ao menos um problema sério para resolver, para debater e, se sobrar tempo, até para tretar sobre.
O grau da polêmica parece variar aleatoriamente, tudo depende de qual escândalo explode primeiro nas redes sociais e de quem o comenta. Há quem diga que esta semana começou antes, lá em 1992, mas há quem diga que começou bem antes, em 1984. Realmente, nunca foi por 20 centavos. As cifras são muito maiores. O que me leva a pensar no contraditório desejo de mudança em que o país está mergulhado, que se encontra e se afasta nas esquinas mais ou menos democráticas das cidades.
A indignação seletiva com a corrupção, as várias faces, objetos e frases das manifestações e as quantias imorais de dinheiro que rolam em grossos maços por cima e por baixo dos panos. Aliás, nesta enorme, dilatada semana que estamos vivendo, participamos de manifestações distintas: para uns, uniformizada, para outros, não; uns batem panelas, outros batem de frente com o choque. Enquanto helicópteros nos cercam como varejeiras, corremos. Depois é cama. Dormir, acordar, ver as notícias, se engajar em alguma luta novamente, engolir a seco reformas e propostas ásperas, retirada de direitos, a morte de uma geração de cantores, compositores, artistas, críticos, a morte de políticos, a morte da política etc.
Esta semana foi longa, e no velório de Brasília, não!, espera, no velório da política, em Brasília, os próprios mortos recebem as pessoas, que velam os corpos em pé mesmo. Em seguida, vão para casa dormir, para sonhar com um Brasil mais vivo. E acordam, leem as notícias, se engajam, enfim. Sempre há uma nova luta. Mas como a semana é longa, talvez as pessoas acabem com aquela preguiça de quarta-feira, aquela que se estica, querendo ficar no sofá, zapeando canais, até cair um presidente do mal, um senador do mal e, assim, o bem vence no meio da semana, antes do futebol. É, não dá para ser tão maniqueísta. É bom ficar esperto, porque a sexta-feira não acabou e parece que o fim de semana de descanso vai demorar pra chegar.