A mais árdua tarefa do governo do Estado nesta sua cruzada para aprovar na Assembleia Legislativa a dispensa de plebiscito para vender ou privatizar as empresas públicas de energia será encontrar respostas didáticas para as duas perguntas mais formuladas pelos opositores da proposta: Por que vender empresas lucrativas (casos da Sulgás e da CEEE geração e transmissão)? Por que não fazer o plebiscito previsto pela Constituição Estadual, deixando a decisão para a população, já que essa parece ser a alternativa mais democrática?
O governador Sartori e seus secretários estão respondendo com números e projeções coerentes e bem fundamentados, que deixam poucas dúvidas sobre a realidade estrutural das três estatais – Companhia Estadual de Energia Elétrica, Sulgás e Companhia Riograndense de Mineração. O principal argumento é o de que todas elas precisam de investimentos para atender à crescente demanda por seus serviços e o governo não tem recursos para investir. O motivo mais urgente, porém, é outro: o Piratini precisa retirar as amarras destas empresas para oferecê-las como garantia na renegociação da dívida com o governo federal.
É urgente, portanto, o enfrentamento do assunto. Ainda que pareça missão impossível convencer a maioria parlamentar a aprovar a PEC de retirada da consulta pública, principalmente porque os deputados temem a reação do funcionalismo e o consequente desgaste político, o governo vai apelar para a racionalização do debate e para o compromisso do parlamento com o equilíbrio financeiro do Estado. Os secretários envolvidos na empreitada estão convencidos de que, se o plebiscito for mantido, ele será dominado pelas corporações, que são organizadas e farão todo o esforço para conservar suas vantagens, entre as quais a elevada remuneração de servidores com mandato sindical.
Está deflagrado, portanto, um plebiscito informal sobre o plebiscito constitucional. Que prevaleçam a verdade, a coragem e a responsabilidade para com o Estado.