Páscoa é o centro da fé e das festas cristãs. Celebrar a ressurreição do Senhor evoca um dos mais profundos e fortes temas da existência humana: a vida! Mas por que não a morte? Essa teve seu tempo, acompanhou Jesus, o nazareno, até o sepulcro. Quando tudo parecia terminado, a vida ergue sua voz. Cristo vive! A injustiça, a tortura, os sofrimentos, as chagas, a cruz, o túmulo, tudo ficou para trás. E no amor de Deus para com a humanidade a vida se eterniza. A vida venceu porque o amor triunfou.
Para ver é preciso os olhos da fé. Do contrário, ficamos no túmulo, na Sexta-feira Santa. Há um convite do Ressuscitado: tocar nas suas chagas. Mesmo os incrédulos como Tomé precisam tocar para crer. Ao tocar nas feridas, ele encontra seu Deus, toca a humanidade de Deus que se fez carne e nos amou até o fim. Em Tomé, cada ser humano é convidado a tocar nas chagas do Ressuscitado. Deus quis provar as feridas e dores humanas para que a humanidade participasse da vida do mundo de Deus. Das suas chagas brota a paz.
Vivemos um momento particular no mundo atual, com uma nuvem de morte pairando sobre nossos dias. Guerras, terrorismo, fome, corrupção, crime organizado, violência. A vida parece ter-se tornado banal, descartável ou negociável. A vida de Jesus também fora taxada com preço. Ele, porém, fez dela um gesto extremo e pleno de amor. Quem é totalmente livre até de sua vida sabe desprender-se. Quem tudo doa sabe o quanto vale a vida.
Contrastando com os inúmeros sinais de morte que rondam nossas cidades, há pedras removidas que sinalizam esperanças. Onde tudo parece morte, a teimosia da esperança aparece colocando luz no horizonte humano. É preciso olhar ao redor. Há tantas obras do bem, fruto de pessoas que se empenham para vencer as situações de morte. O mundo pode ser diferente. Ele é diferente! Há sinais do Ressuscitado.
Mas para isto é preciso colocar o dedo nas chagas. É preciso experimentar a humanidade e sentir seus sofrimentos, empenhando-nos e crendo que aquele ser ou situação pode mudar. Aos dúbios, mornos ou indiferentes há um chamado na Páscoa. Junte-se aos que colocam as mãos nas feridas do próximo. Com os dedos nas chagas sentiremos a paz que do Ressuscitado pode dar. Compreenderemos uma nova vida. Provaremos o amor de Deus. Experimentaremos uma nova humanidade.