Há um ano, uma articulação inédita entre o parlamento mais conservador da história da República, setores do Judiciário partidarizado comandados por uma mídia decadente e rancorosa e atendendo a um partido derrotado construiu um processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff sem nenhum elemento concreto. O processo combinou cenas ridículas no parlamento, que envergonharam o país no cenário internacional, e uma truculência machista que indicava o tipo de golpe que anunciava.
Consagrada a traição, assume o vice-presidente eleito na mesma chapa da presidenta deposta, para implementar de maneira ilegítima o programa do candidato derrotado, traindo os 54 milhões de votos recebidos pela chapa. O governo montado por Temer, desde o início, revela a natureza frágil dos ministros, tanto que denúncias apresentadas derrubaram três deles já na primeira semana.
A partir daí o golpe assume principalmente duas facetas: o desmonte de direitos trabalhistas para retribuir o apoio de setores da burguesia nacional e a entrega das riquezas nacionais ao capital internacional. Tudo envolto num processo de denúncia generalizada, por um lado, e acusação seletiva por outro.
Resultado disso: a economia desanda, jogando o país na maior crise da história recente, a sociedade se divide com o ódio alimentado pela mídia ideologizada, as denúncias fogem do controle e emporcalham a política como um todo e o Brasil passa, aos olhos espantados da população mundial, de uma nação economicamente forte, politicamente consistente e com uma liderança internacional incontestável a uma nação sem nenhuma importância, a não ser a de servir a aventureiros financeiros.
Os movimentos sociais, os partidos comprometidos com a democracia, personalidades da cultura, da ciência, movimento sindical progressista e a sociedade cansada dos desmandos de um governo ilegítimo sinalizam para a única saída democrática que conseguiria restaurar o espaço público e recompor a democracia fraturada e repetem o saudoso poeta popular: não dá mais para segurar. Eleições diretas já! O país precisa, a história exige.