Após o acordo do Rio de Janeiro com a União para o socorro ao Estado, chegou a vez do Rio Grande do Sul negociar com o governo federal. No RJ, houve muita resistência do governo em aceitar as contrapartidas exigidas pela União, como a privatização de empresas, o aumento na contribuição previdenciária e o congelamento do salário dos servidores.
Mesmo com os serviços públicos no RJ em uma situação precária, com hospitais sem atendimento e servidores com meses acumulados de salários atrasados, o governo resistia às medidas. No fim, acabou cedendo. No RS não está sendo diferente. Embora a situação do Estado ainda não seja tão grave quanto a do RJ, temos uma crise na segurança pública, hospitais lotados e servidores com salários parcelados. Ainda assim, o governo vem resistindo às contrapartidas exigidas pela União.
As contrapartidas devem existir e precisam ser duras. Afinal, sem elas a ajuda seria apenas uma rolagem de dívida. Além disso, como ficariam os Estados que fizeram a lição de casa nos últimos anos e estão em boa situação fiscal? O risco moral seria enorme. Nesse mesmo sentido, como pode o governo federal conceder agora uma ajuda ao RS exigindo menos do que foi exigido do RJ?
O governo gaúcho alega que já adotou diversas medidas no caminho do ajuste fiscal. É verdade, mas essas medidas não foram suficientes. Nossos governantes seguem negando a realidade e com medo de enfrentar a pressão de minorias organizadas para aprovar medidas que realmente possam dar uma chance ao Estado. O governo teme a gritaria de sindicatos e grupos de pressão e, dessa forma, falha em encontrar uma saída.
Em entrevista à Rádio Gaúcha no dia 3 de março, o secretário da Fazenda, Giovani Feltes, afirmou que CEEE e CRM são empresas que estão com problemas e necessitam de grande aporte financeiro. No caso da CEEE, o governo estima a necessidade de um aporte de até R$ 400 milhões apenas neste ano. Ou seja, estas empresas não têm grande valor de venda. E é com essas empresas que o governo quer levantar caixa para solucionar o problema do Estado? O único ativo com valor relevante para o RS é o Banrisul. Mas continuam negando a realidade e terceirizando culpas em vez de encontrar soluções reais.
Enquanto isso, o Estado vai apresentando números recordes de homicídios, a saúde está em colapso e os servidores sem salários e pagando juros de cheque especial para o banco do povo gaúcho. A covardia em enfrentar o barulho das minorias organizadas faz com que toda a população sofra. Até quando?