Assombra o país a onda de violência deflagrada no Espírito Santo depois que a Polícia Militar deflagrou uma greve branca por reivindicações salariais. A estratégia dos PMs, que exercem uma atividade essencial e não podem fazer paralisações, foi fingir que estão bloqueados nos quartéis por seus próprios familiares, que formam piquetes para exigir reajuste, auxílio-alimentação, periculosidade, adicional noturno e insalubridade – vantagens que os soldados provavelmente merecem. O problema é o cinismo do movimento, que gerou arrastões, roubo a lojas, assaltos nas ruas, depredações e tiroteios que já contabilizam mais de 70 homicídios em quatro dias. Trata-se, portanto, de um motim contra a população.
É assim que devem ser classificadas as greves de servidores públicos que desempenham atividades essenciais. O poder das corporações precisa de limites. Por isso, a Justiça capixaba decretou a ilegalidade do movimento e estabeleceu multas pesadas para as associações de soldados e oficiais responsáveis pela paralisação. Também agiu corretamente o governo daquele Estado, apontado como modelo de austeridade nas contas públicas em 2016, ao pedir a ajuda da Força Nacional de Segurança e de tropas militares para controlar a anarquia.
Independentemente das razões, greves de policiais militares são rebeliões contra os cidadãos muito mais do que contra os governos que os representam.
Movimentos que levam à desordem e à multiplicação de assassinatos não merecem nenhum apoio – só repúdio. Espera-se que líderes desse atentado institucional sejam exemplarmente punidos, inclusive com a demissão. Se estão descontentes, que peçam demissão. Se não o fizerem, devem ser expulsos como exemplo para que tais motins não se repitam.