A situação do emprego continuou se deteriorando no Brasil ao longo de 2016, encerrando o ano com 1,32 milhão de vagas fechadas, conforme dado divulgado na última sexta-feira pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O número é extremamente negativo, mas já mostra desaceleração em relação ao 1,55 milhão de postos de trabalho fechados em 2015.
Apesar da semelhança na quantidade de empregos destruídos em 2016 e 2015, o setor mais impactado foi alterado. A indústria brasileira sentiu logo o início da crise, com a falta de competitividade do país e consequente competição com os produtos importados. Dessa forma, o setor que mais demitiu em 2015 foi o industrial, com o fechamento de 612 mil vagas. No mesmo ano, os setores com os maiores fechamentos foram o de construção civil (419 mil vagas) e o de serviços (278 mil vagas).
Já em 2016, o setor que mais destruiu empregos foi o de serviços, com 390 mil vagas encerradas, sinalizando a deterioração da economia e a forte queda no consumo das famílias. Na sequência dos setores, a construção civil fechou 359 mil vagas e a indústria, 323 mil. Em 2015, apenas um setor conseguiu criar vagas, ainda que em quantidade mínima. O segmento agropecuário terminou aquele ano com a criação líquida de 8 mil empregos. Em 2016, a piora no cenário econômico foi tão grande que nenhum setor conseguiu gerar vagas em termos líquidos (criações menos fechamentos). As projeções apontam que os primeiros meses de 2017 permanecerão com mais demissões do que contratações, mas, no segundo semestre, o Brasil deve começar a mostrar admissões líquidas.
Com uma legislação trabalhista que remonta ao ano de 1943, em uma época que a maior parte dos trabalhadores ainda era rural e não existia grande parte dos diferentes tipos de segmentos e tecnologias atualmente disseminadas, é imperativo que nossa legislação seja completamente revista. Essas mudanças permitirão maior flexibilidade no mercado de trabalho, trazendo benefícios tanto para empregados quanto para empregadores. Com esse maior dinamismo, o emprego no Brasil pode retornar mais rápido e a economia será mais dinâmica. Não faltarão retrógados, que ironicamente são chamados de progressistas no Brasil, para atrapalhar a reforma trabalhista. Entretanto, a destruição que há anos assistimos na economia e nos empregos, mostra que o custo de não fazer reformas é alto. A legislação “protetora” dos trabalhadores pode ser apontada como uma das responsáveis pela atual massa de mais de 12 milhões de desempregados.