A primeira coluna do ano é um bom momento para mostrar o que algumas das mais atentas empresas do mundo estão fazendo em busca de um propósito maior para existir. Outras já nascem assim. Hoje, não basta só ter um bom produto e preços competitivos para alcançar sucesso. É preciso contribuir para uma sociedade melhor. Empresas que utilizavam mão de obra infantil ou mesmo semiescrava estão sendo devidamente denunciadas e punidas pelo consumidor, que exige que elas sejam socialmente responsáveis.
Entre nós, crescem os discursos e vontades de não comprar nada de empresas envolvidas em corrupção, devastação do meio ambiente ou outras práticas condenáveis, como tratar mal seus funcionários. Como ficou mais fácil denunciar tudo (sempre tem um celular por perto gravando!), as empresas – e os governos – passaram a ter "paredes de vidro". É possível saber quase tudo o que se passa lá dentro.
Há poucos dias, ganhei um presente da carioca Reserva, marca de roupas masculinas. Ao abrir a embalagem lá estava escrito: "não sou um produto, sou cinco pratos de comida". Para cada compra, viabilizam, através do Banco de Alimentos, comida para quem tem fome. A marca inglesa The Body Shop, que tem lojas em Porto Alegre, se posiciona contra testes de produtos em animais e se propõe a regenerar e proteger um metro quadrado do meio ambiente para cada produto comprado, reconectando florestas isoladas e preservando espécies ameaçadas de extinção. Até o Natal, tinham ajudado a reconstruir um milhão e meio de metros do que chamam de bio-pontes.
Para cada par de sapatos vendidos, a americana Toms doa outro par de sapatos para populações carentes da África. Já doou 60 milhões de pares.
Uma das marcas mais criativas que surgiu em Porto Alegre é a Colibrii. Se enquadram na categoria de negócios sociais. Conectam comunidades de artesãs do Morro da Cruz com design e mercado, gerando produtos como bolsas, mochilas e acessórios feitos com materiais têxteis reciclados. Geram lucro para si, renda para comunidades carentes e reaproveitam produtos que virariam lixo.
Empresas de todos os tamanhos e segmentos estão pensando não só na sua sobrevivência, mas respondendo a uma pergunta crucial: "O que aconteceria se deixássemos de existir? Alguém se importaria com isso? Somos relevantes para alguém mais do que os acionistas?"
Neste ano que está iniciando, desejo que mais empresas trabalhem para vivermos em um mundo mais justo e mais tranquilo!