Agiu bem a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, ao determinar a continuidade dos trabalhos previstos para esta semana por parte dos juízes que atuavam com o ministro Teori Zavascki, morto em acidente na última quinta-feira. O momento é delicado, pois o próprio Supremo não se acerta sobre a escolha do novo relator do maior processo de corrupção investigado no país e o presidente da República enfrenta pressões para decidir sobre o futuro integrante do STF. O país não pode passar a impressão de hesitação ou mesmo afrouxamento na luta contra a corrupção.
O próprio procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apelou por urgência à presidente do STF na tramitação do processo. Um atraso na homologação das delações de nada menos de 77 executivos e funcionários da Odebrecht prejudicaria o andamento de uma série de outros processos, entre os quais inclui-se até mesmo a ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre as contas da campanha de 2014 da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. Por isso, qualquer demora além da inevitável, num momento em que a indefinição serve até mesmo para estimular boatos, seria um péssimo sinal para o país.
O Brasil vem arcando com um custo elevado em consequência da corrupção, que, no caso da Petrobras, elevou os desvios a patamares impensáveis. É preciso vencer logo essa etapa, sem qualquer margem para retrocessos e para insegurança jurídica que acabam dificultando até mesmo a retomada do crescimento.