O ano de 2016 vai ficar na história. Mal tinha começado e o Ibovespa já marcava queda de 13,5% em janeiro, a 37.497 pontos. Já o dólar batia a cotação de R$ 4,17. A crise política e a expectativa de retração da economia brasileira, aliadas a uma aversão de risco generalizada no mundo, comandavam os noticiários. À medida que as chances de impeachment da presidente Dilma aumentavam, a bolsa reagia e a cotação do dólar recuava.
Em 17 de abril, o processo de impeachment contra Dilma passa na Câmara e segue para o Senado. Nessa altura, o Ibovespa já estava em 53.000 pontos e a cotação do dólar em R$ 3,60. Em 12 de maio, o Senado instaura o processo de impeachment afastando Dilma por até 180 dias. Nesse momento, o Ibovespa entra em um período de baixa até atingir 48.000 pontos em 16 de junho, quando tem um novo período de alta. Na transição de governo, uma forte equipe econômica é montada com Henrique Meirelles como ministro da Fazenda e Ilan Goldfajn como presidente do Banco Central. Em 31 de agosto, Dilma Rousseff perde o mandato definitivamente e a bolsa bate em 58.000 pontos.
Um novo governo tem início, com uma forte base de sustentação herdada do processo de impeachment. A equipe econômica com discurso reformista e de forte ajuste fiscal trabalha para aprovar a PEC do teto dos gastos públicos, controlar a inflação, encaminhar reformas importantes como a da Previdência e a trabalhista.
O Ibovespa atinge o patamar máximo em 8 de novembro, aos 64.157 pontos, data da eleição norte-americana que deu vitória a Donald Trump, para surpresa do mundo. As bolsas dos países emergentes caíram fortemente em reação à expectativa de mudança de rumo da principal economia do mundo.
Em paralelo, a força-tarefa da operação Lava-Jato continua trabalhando. Além do PT, nomes do PMDB e de outros partidos começam a surgir nas investigações, enfraquecendo o atual governo e começando a levantar suspeitas de que o governo Temer poderia não chegar ao final de 2018.
O ano que se iniciava com perspectivas muito pessimistas acabou superando expectativas. A inflação saiu de dois dígitos e veio para perto do teto da meta de 6,5%, com tendência de queda e abrindo espaço para maiores cortes nos juros. O ajuste fiscal vai sendo implementado e o crescimento do PIB deverá aparecer em 2017. Apesar de toda volatilidade, a bolsa ainda deve fechar o ano com alta em torno de 35% e o dólar com queda próxima de 17%. Para 2017, a queda da inflação e dos juros e a possível retomada da economia podem abrir espaço para um desempenho positivo da bolsa.