Como já era esperado pelos analistas, os resultados do terceiro trimestre das empresas de capital aberto ainda vieram fracos. Considerando uma amostra de 276 empresas que negociaram no período, e excluindo Petrobras, Vale, Eletrobras e bancos, a receita líquida consolidada caiu 4,1% ante o terceiro trimestre de 2015, em termos nominais. Em termos reais, levando em consideração a inflação no período, chegamos a um recuo de quase 13% no faturamento. O resultado dessas empresas passou de prejuízo pequeno em 2015 para lucro de R$ 14,5 bilhões, sendo que boa parte desse resultado positivo foi reflexo da valorização do real no período, pois impacta na redução das despesas financeiras para empresas endividadas em dólar. O endividamento das empresas caiu 7,6%, ajudado pela queda do dólar. No período analisado, a queda da cotação do dólar foi de 18,3%.
As empresas que mais se beneficiaram com a queda do dólar, por meio da redução do endividamento, foram as dos setores de papel e celulose, aéreo, petroquímico e siderúrgico. As empresas de siderurgia reduziram o prejuízo de R$ 4,6 bilhões para R$ 300 milhões. As empresas do setor de papel e celulose passaram de prejuízo de R$ 2,9 bilhões para lucro de R$ 3 bilhões.
O segmento da construção civil continua sendo um dos mais prejudicados no atual cenário econômico. A receita do setor caiu 40%, e o resultado consolidado passou de prejuízo de R$ 270 milhões para prejuízo de R$ 2,37 bilhões. O desempenho ruim do segmento segue sendo explicado pelo aumento dos distratos e da queda nas vendas.
A Petrobras apresentou um prejuízo de R$ 16,5 bilhões em função das baixas contábeis que a empresa continua fazendo. Já o setor bancário, que vinha apresentando lucros crescentes até 2015, registrou nova queda no trimestre com um recuo de 19,7%, passando de um lucro líquido consolidado de R$ 16,7 bilhões para R$ 13,4 bilhões. Esse desempenho foi bastante impactado por provisões adicionais para devedores em atraso e pelo menor volume na concessão de crédito.
Em novembro, o Ibovespa está sendo impactado pelo fraco resultado das empresas e pela vitória de Donald Trump nos EUA. Boa parte do mercado já esperava uma safra bastante frágil de resultados. No entanto, após analisar o desempenho de diversos setores listados em bolsa, reforçamos a convicção de que a retomada da economia será lenta. Nesse cenário, o investidor precisar redobrar o cuidado na hora de selecionar ações com o objetivo de aproveitar boas oportunidades que ainda devem aparecer na bolsa. No mês, o Ibovespa está em queda de 5,2% e no ano acumula alta de 42,01%.