Define-se neste domingo o quadro geral dos prefeitos que comandarão os 5.568 municípios brasileiros pelos próximos quatro anos, período considerado decisivo para o enfrentamento das crises econômica, política, social e moral em que o país mergulhou na última década. Para fazerem a sua parte, os administradores municipais terão que pautar suas ações pela austeridade, pela honestidade, pela transparência e pelo compromisso com a coletividade. E terão que se preocupar com os problemas de seus municípios muito mais do que com as próprias carreiras, pois os cidadãos estão cada vez mais conscientes e empoderados para cobrar eficiência dos gestores públicos.
Paradoxalmente, em meio a uma das maiores ondas de descrédito da classe política, o número de candidatos interessados em conquistar um mandato popular aumentou em relação ao pleito municipal de 2012, tanto para o cargo de prefeito quanto para as Câmaras de Vereadores. Mas está aumentando, também, o poder de vigilância dos cidadãos sobre seus representantes, como vem demonstrando a Operação Lava-Jato ao punir homens públicos que traem a confiança dos seus representados. Ao mesmo tempo em que manifestam desencanto com os políticos, os eleitores recuperam a confiança nas instituições que têm o papel constitucional de fiscalizá-los e puni-los.
Então, se o desafio dos prefeitos que já foram eleitos ou serão confirmados neste domingo é corresponder à expectativa de seus liderados, estes também têm diante de si a tarefa de participar ativamente das decisões do Executivo e do Legislativo de seus municípios, exigindo providências para os problemas da cidade, fiscalizando a atuação de seus representantes e aproveitando-se das novas ferramentas e dos espaços públicos para fazerem valer suas opiniões. Esse exercício de cidadania, evidentemente, deve se estender a todas as instâncias da administração pública, mas é no município que as pessoas têm a oportunidade de participar mais diretamente das decisões. E deve incluir, necessariamente, um pacto de transparência, pelo qual os administradores ficam obrigados a prestar contas de seus atos e dos gastos públicos, e os contribuintes a cumprir suas obrigações com o Fisco mediante o direito de fiscalizar e receber retorno compatível em obras e serviços. O poder dos eleitores, portanto, não se limita ao voto.