A União e alguns Estados, de modo especial o RS, estão passando por dificuldades tremendas para fechar suas contas. O cidadão toma conhecimento disso através da imprensa e dos próprios sinais emitidos pelo governo, como o atraso no pagamento dos salários. Diz-se que estamos "quebrados". Agora, o que significa isso, exatamente?
Primeiro, ouvimos a clássica "o Estado gastou demais e agora precisa se reestruturar". Para depois ouvir que "... por isso precisamos da compreensão da população com relação ao esforço necessário". Quero crer que esta abordagem já não basta. Parte da explicação para o volumoso percentual de abstenções e brancos/nulos nas eleições tem origem na percepção de que nossos gestores devem melhores explicações.
Três reformas importantes estão em pauta: trabalhista, previdenciária e o teto dos gastos do governo. O pouco esforço que o governo tem feito para explicá-las ao cidadão não vai muito além de dizer que isso é necessário para que a economia volte a crescer e gerar emprego – ninguém seria capaz de negar a importância disso. Mas, está faltando um pedaço importante da explicação. Afinal, e as questões que nos trouxeram até aqui, que nos fizeram "quebrar", serão resolvidas como? Só as reformas cuidarão delas?
É razoável afirmar que o aumento dos gastos, sozinho, não tem melhorado a qualidade dos serviços públicos: gastamos cada vez mais, mas com eficiência questionável, uma vez que o serviço que o Estado presta ao cidadão não melhorou. Então, está claro que precisamos rever o modo como gastamos. Mas o que faremos para amplificar a eficiência da máquina pública, em benefício do cidadão, ao longo dos próximos 20 anos com teto de gasto vigente?
Nossos gestores não estão sendo efetivos em nos informar o que se está considerando fazer depois que a sangria de gasto público for estancada. Só limitar o gasto não basta para tornar o Estado melhor para as pessoas. Incrementos no acesso e na qualidade dos serviços carecem de planos mais complexos e completos. Discutir cortes de gastos é extremamente doloroso para a população mais pobre, que é aquela imediata e severamente prejudicada. É preciso assegurar que esses sacrifícios serão recompensados com um Estado mais eficiente. Não consigo enxergar isso, ainda. Espero que seja apenas um problema de informação.