Poucos se dão conta do tsunami que se aproxima das principais cidades do mundo: o surgimento de veículos autônomos (carros elétricos, sem motorista). Em menos de 10 anos, os moradores das metrópoles terão inúmeras opções de transporte. A tendência é a diminuição radical da quantidade de carros particulares nas ruas.
Os grandes players da indústria automobilística, como Volvo, Toyota, Audi, Mitsubishi, Nissan, Renault, VW e BMW, os novos, como Tesla (que diz que não fabrica carros, mas softwares sobre rodas), e até quem nunca fabricou, como Google e Apple, estão investindo pesado nos "drivelesscars". Em algumas cidades de Estados Unidos, Suécia e Cingapura já circulam carros sem motorista, o que vai crescer exponencialmente.
A cada dia surgem variações do Uber e as pessoas abrem mão do carro próprio. Usam o que está disponível. As novas empresas de transporte, por exemplo, buscam e entregam as pessoas em qualquer lugar. A repercussão? Dez milhões de motoristas desempregados nos próximos 10 anos, só nos Estados Unidos. É a previsão!
A tendência é diminuir o número de estacionamentos, garagens, escolas de trânsito, acidentes e atropelamentos, seguros, bem como de carteira de motorista. Teremos menos engarrafamentos, pois o volume de carros circulando será menor e as rotas poderão ser programadas. Como não teremos pessoas conduzindo os veículos, as transgressões de trânsito, causadas principalmente por erros humanos, serão menores. Em caso de acidente, a culpa não será do usuário, pois ele não estará dirigindo. Os postos de combustíveis terão que mudar, pois tudo será elétrico. Os poucos que tiverem carro próprio vão "abastecer" na tomada de casa. Até as oficinas mecânicas serão impactadas. Um novo tempo está começando.
Em Copenhagen, capital da Dinamarca, já existe o Drive-now, com 400 carros BMW i3, novos, circulando. O cliente passa o cartão e retira o carro, como se faz com bicicletas. Em Londres, a Zipcar tem carros elétricos nas ruas. Clubes de carros elétricos se popularizam. A Lyft, concorrente do Uber, diz que em 2025 as pessoas não terão carros. Em cinco anos, metade das corridas da Lyft será sem motorista. Não é à toa que a gigante GM investiu US$ 500 milhões na Lyft, para ser parceira. O Uber, em Pittsburg, nos EUA, já tem quatro táxis sem motorista. O cliente, por enquanto, anda com um técnico ao lado. Em Cingapura já circulam seis táxis sem motorista.
Mesmo aqui, onde as inovações demoram a chegar, temos alguns sinais. O Uber é uma realidade. A Porto Seguro lançou o "carro por assinatura", onde só se paga o que for usado, diferente do aluguel. Tudo porque as pessoas deixam 96% do tempo seus carros parados. O lado bom dessa loucura: as cidades terão mais espaço para as pessoas caminharem e usarem bicicletas e sofrerão menos com a emissão de gases.
Os planejadores, responsáveis pelo redesenho e pela infraestrutura dos ambientes urbanos e rodovias, terão muitos desafios. A maioria das leis que regulam o transporte precisarão ser revistas. Levantamento feito nos Estados Unidos mostra que diminuiu o interesse dos jovens por carros e a obtenção de carteiras de motorista caiu 30% na última década. Aqui, aumenta a quantidade de jovens que não querem carro. Já é possível imaginar a vida sem carro próprio.