Começou de forma promissora o mandato da ministra Cármen Lúcia na presidência do Supremo Tribunal Federal. Ao saudar o povo como maior autoridade da cerimônia de posse, ao rejeitar a festa comemorativa e, principalmente, ao reconhecer a insatisfação dos cidadãos com os serviços prestados pelo Poder Judiciário, a nova presidente passou uma imagem de austeridade e franqueza que fortalece a confiança dos cidadãos na Suprema Corte. Resta conferir se, na prática, as boas intenções prevalecerão sobre o corporativismo e o apego a privilégios.
A posse da nova presidente do STF foi repleta de significados, a começar pela presença de várias autoridades que estão sendo investigadas pela Operação Lava-Jato e pelas mensagens recheadas de farpas do procurador-geral da República e do ministro Celso de Mello, que falou em nome de seus colegas de toga. O representante do Ministério Público, Rodrigo Janot, criticou duramente a classe política, especialmente pela tentativa de interferência na investigação da corrupção da Petrobras. "As forças do atraso que não desejam mudanças de nenhuma ordem já nos bafejam com os mesmos ares insidiosamente asfixiantes do logro e da mentira" – afirmou, diante de uma plateia composta por políticos suspeitos de terem se beneficiado do esquema criminoso. Já o decano do STF centrou sua fala no combate à corrupção e disse que "devem ser punidos exemplarmente esses infiéis da causa pública, esses indignos do poder".
Alguns políticos presentes, entre os quais ex-presidentes da República e atuais chefes de poder, engoliram em seco e fizeram cara de paisagem, mas o importante é que o recado foi dado.