Em várias partes do mundo, quando se fala em alterar as regras da Previdência, as centrais sindicais viram feras para defender os direitos dos trabalhadores. A impressão que dá é de que faltam técnicos para analisarem o que de fato está sendo alterado, se é retirada de direitos ou simplesmente uma adequação à evolução dos ganhos em termos de viver melhor e por mais tempo. As premissas atuariais utilizadas há 30 anos não são as mesmas utilizadas hoje.
Um dos maiores rombos das contas públicas no Brasil é o déficit da Previdência, e será o ponto que terá maior dificuldade de reforma, pois na hora da apresentação das novas regras não faltarão sindicalistas protestando contra. O déficit total da Previdência, que soma o regime geral mais o regime dos servidores públicos da União, no ano de 2015, alcançou R$ 150 bilhões e deve alcançar a marca de R$ 195 bilhões em 2016. Para os anos subsequentes, o déficit continua crescendo de maneira exponencial. Para termos uma ideia da grandeza, a projeção de déficit primário total do governo central para o próximo ano é de R$ 139 bilhões. Logo, Previdência é um item muito importante do orçamento, e a revisão da idade mínima para a aposentadoria será uma das questões mais importantes a serem revistas.
O ministro do Planejamento, Dyogo de Oliveira, disse que em 1980 a expectativa de sobrevida de um brasileiro com 60 anos era de mais 16 anos, mas que passou para 25 anos em 2015. Graças aos avanços da saúde, saneamento e qualidade de vida, as pessoas estão tendo uma sobrevida de 10 anos adicionais. A idade média de aposentadoria no Brasil é de 55 anos, logo, esse trabalhador terá contribuído 30 anos e poderá viver mais 30 usufruindo da Previdência. A conta fica difícil de fechar.
Os sindicatos deveriam estar defendendo uma Previdência saudável e que seja capaz de honrar com seus compromissos de forma sustentável. O mundo que vivemos hoje é bem diferente de 30 anos atrás.