As discussões sobre o papel do Ministério da Cultura surpreendem apenas aqueles que nunca entenderam a importância da atividade cultural, na economia, na formação da cidadania e na construção de valores que diferenciam uma nação civilizada de uma horda de bárbaros... A cultura define uma teia de ligações e referências entre as pessoas e entre os povos, mas isso, para alguns, não deve merecer interesses (nem verbas) oficiais.
Para aquela parcela da população que entende que tudo deve ser transformado em números, aqui vão alguns: A Fundação de Economia e Estatística do RS afirma que a cultura no Estado aumentou o emprego de trabalhadores da faixa de meio a dois salários mínimos de 9.549 contratados em 1998 para 44.404 mil em 2008. Já a Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que o consumo cultural das famílias brasileiras contribuiu com 0,6% para o Produto Interno Bruto Nacional. Outro relatório sobre a cadeia de valor das indústrias criativas do Brasil, de 2008, revela que as 12 principais indústrias criativas, em conjunto com as indústrias relacionadas e atividades de apoio, foram responsáveis por 21% (representando 7,6 milhões de pessoas) do total de empregos formais do país, contribuindo para 16% do PIB nacional. São dados concretos e brasileiros.
No cenário internacional (ainda no discurso economicista), um trabalho dos ministérios da Economia e da Cultura da França provou que o setor cultural contribuiu sete vezes mais que a indústria automotiva, atingindo 3,2% do PIB do país. A Unesco acredita que a Rede de Cidades Criativas funciona como agente de desenvolvimento a partir de suas vocações culturais. Mas a cultura é uma dimensão que vai muito além de números...
Essa dimensão, hoje, não se mede tão somente pela balança comercial, mas principalmente pelo papel que a expressão criativa do homem desempenha na sociedade e em qual medida essa mesma sociedade tem instrumentos de incentivo, valorização e reconhecimento da atividade cultural. Medir o desenvolvimento de um povo pela renúncia fiscal das leis de incentivo é como classificar as verbas para educação na rubrica das despesas...