No orçamento familiar, quando se gasta mais do que se ganha surgem as dívidas, que precisarão ser pagas um dia. No entanto, é bastante provável que você consiga enxergar e entender onde gastou demais e traçar um plano, ainda que de difícil execução, para saldar os débitos. Pode ser que isso seja difícil, que você precise de alguma ajuda, mas é factível e altamente aconselhável. Você ficará triste, preocupado, mas estará ciente das causas e consequências da sua própria gestão financeira e dos percalços que enfrenta.
No caso do orçamento público, a lógica do gasto ser menor que a receita para não gerar dívida é exatamente a mesma. A diferença é que o dinheiro que está lá não é de quem o gasta. O Estado, através dos seus processos de gestão, emprega o dinheiro arrecadado para poder oferecer os serviços que a sociedade precisa (saúde, educação, segurança, etc.). Quando ele se endivida é porque ele está arrecadando menos ou ofertando serviços de forma ineficientes para a sociedade (caros ou para as pessoas erradas).
No Brasil, em 2015, arrecadou- se menos e gastou-se mais do que no ano anterior. Um déficit de R$ 115 bilhões. Para 2016, fala-se em déficit de R$ 170,0 bilhões. O Estado, flagrantemente, precisa fazer uma reestruturação financeira: considerar sua dívida já existente e preocupar-se em não gerar mais dela. É preciso rever despesas e receitas, fazer o tal "ajuste fiscal".
Deste cenário é que surge a máxima "écomo o orçmento da sua casa". Acontece que não é, não. Na sua casa, você faz uma planilha, visualiza sua situação, e combina diretamente com sua família como agirão. O Estado precisa prestar conta e tomar decisões. Ele é apenas um gestor do dinheiro da sociedade, precisando mostrar onde, quanto e como está arrecadando e gastando nosso dinheiro. No terrível cenáio de ajuste, o Estado deve sinalizar para a sociedade como fará as contas voltarem a bater.
O que vimos nestes últimos dias, entre parcas medidas de restrição de gastos, aumentos para funcionalismo e autorização de novas contratações, foi um movimento errático. Está difícil entender como se está lidando com o problema. O ajuste terá de ocorrer, não existe alternativa. A questão é no colo de quem a conta cairá. As últimas medidas parecem oferecer algumas pistas.
Leia outros textos de Opinião