Um dos maiores problemas da economia brasileira é a baixa produtividade. Isso significa que o trabalhador produz menos do que seria o ideal. Por exemplo: se um europeu produz 40 canetas por dia em uma linha de produção, enquanto um brasileiro produz 20, significa que a produtividade do europeu é o dobro da nossa. Como causa disso, elencaria três elementos de ordem mais estrutural e um individual.
Em termos estruturais, o emaranhado da legislação tributária e trabalhista é uma causa importante. Muita energia das empresas é destinada às atividades de controle e cumprimento dessa legislação, desviando-as da atividade produtiva. A infraestrutura do país também afeta o quanto os trabalhadores são capazes de produzir: nossas estradas ruins tomam mais tempo e atenção de um motorista do que uma estrada boa tomaria, por exemplo. Por fim, o patamar tecnológico de nossas empresas também influencia. Um trabalhador consegue entregar tanto mais produto quanto mais tecnologia dispor para o trabalho – acontece que os investimentos em pesquisa e desenvolvimento no Brasil estão abaixo do que se esperaria.
A questão individual relacionada à produtividade é a educação. Trabalhadores com maior nível de educação formal e treinamento técnico são capazes de desempenhar melhor suas funções, entregando maiores níveis de produto e com mais qualidade. Quando olhamos para as avaliações da qualidade da educação básica no Brasil, compreendemos o quanto essa lacuna está comprometendo a produtividade da economia. De todos os elementos listados aqui, elegeria educação como o mais sério.
Nesse cenário, diz-se que uma reforma trabalhista urgente é necessária para aumentar a produtividade. Proposta razoável. Mas não está acompanhada de outras políticas que apontem na mesma direção: a reforma tributária tem passado ao largo do cenário das propostas viáveis; o Ministério de Ciência e Tecnologia padece; os investimentos em infraestrutura são quase uma fábula. Ainda, pretende-se que o teto dos gastos públicos atinja saúde e educação, o que compromete a ampliação dos investimentos nestas áreas para o futuro.
Produtividade é um problema central para economia brasileira, sim. Como tal, precisa ser encarado como direcionador de políticas públicas, pensadas em conjunto. Reformas seletivas distribuem a conta de forma desigual e tendem a ser ineficientes.