O mercado brasileiro na última sexta-feira passou por um bom "teste de estresse". A vitória do plebiscito para o Brexit, que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia, provocou um verdadeiro tsunami nos mercados financeiros mundiais. Geralmente os mercados antecipam eventos, mas nesse caso as pesquisas apontavam uma diferença pequena na votação, e o resultado surpreendeu o mercado. A libra chegou a cair ao menor valor dos últimos 30 anos, as commodities derreteram e as bolsas desabaram mundo afora. O Índice Nikkei do Japão fechou em queda de 7,9%. A bolsa de Londres encerrou em queda de 3,2%, a de Paris caiu 8% e o Índice Dax da Alemanha, 6,8%. Nos EUA, o Dow Jones fechou em queda de 3,4%.
Por aqui, os mercados também abriram nervosos. Na mínima do dia, o Ibovespa operou em queda de 3,9%, encerrando em baixa de 2,8%. No mês, o Ibovespa ainda acumula alta de 3,4 % e, no ano, está positivo em 15,6%. A moeda brasileira se desvalorizou apenas 1,1% frente ao dólar, encerrando cotada a R$ 3,38.
Aqui, o cenário político acabou contribuindo bastante para que os mercados não fossem tão abalados. A expectativa de que o governo interino de Michel Temer se torne definitivo aumentou com a última fase da Lava-Jato, na qual mais integrantes do PT foram presos.
Na sexta-feira, o Banco Central do Brasil (BC) divulgou números revisando as projeções para o setor externo em 2016, surpreendendo positivamente. O saldo da balança comercial projetado para 2016 passou para
US$ 50 bilhões de superávit, apesar de a melhora ter ocorrido pela redução das importações. Segundo o BC, o investimento direto no país seguirá forte, com entrada de US$ 70 bilhões no ano.
O saldo das transações correntes, que estava projetando um déficit de US$ 41 bilhões, foi revisado para déficit de US$ 15 bilhões, uma redução de 63%. As nossas reservas cambiais também se encontram em excelente patamar de US$ 377 bilhões.
Com o Brexit, o Banco Central americano deve postergar ainda mais a elevação do juro nos EUA, tendo em vista a turbulência política e econômica que a Europa irá enfrentar a partir de agora. Os juros baixos no mercado internacional são favoráveis ao Brasil. Até o momento, parece que sobrevivemos a um "teste de estresse", mas, com maior tensão política no mundo, o país precisa continuar no caminho das reformas para ter uma chance de sair da crise.