Embora tenham transcorrido apenas 30 dias do governo interino do presidente Michel Temer, a sensação que temos é de que uma eternidade passou. Não que tenhamos avançado muito nas tão faladas reformas, mas, a cada dia, novos escândalos e crises políticas vão aparecendo.
No mercado financeiro, esse período também foi de oscilações bruscas, refletindo o noticiário e a crise econômica. Após a alta com a expectativa de mudança de governo, a bolsa passou a recuar. No dia da posse do presidente interino, o Ibovespa estava em 53.241 pontos e o dólar era cotado a R$ 3,477. Na última sexta-feira o Ibovespa encerrou em 49.422 pontos e o dólar a R$ 3,425, o que representa quedas de 7,1% e 1,5%, respectivamente. O mercado agora espera pela solução definitiva para o impeachment e por medidas concretas do novo governo para a economia.
O destaque do governo Temer até o momento é para a equipe econômica composta por Henrique Meireles no Ministério da Fazenda e Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central, além outros excelentes nomes para o quadro técnico da Fazenda. O BNDES ficou com a economista Maria Silvia Bastos de grande experiência no setor público e privado. Do ponto de vista político, Temer já conquistou algumas vitórias no Congresso nesses 30 dias. A primeira foi a aprovação da nova meta fiscal, prevendo déficit de R$ 170,5 bilhões no ano. Logo após, foi aprovada a proposta de emenda à Constituição (PEC) que recria a Desvinculação das Receitas da União (DRU) até 2023. A PEC vai permitir que o governo use livremente até 30% das suas receitas, medida importante para que possam ser feitos cortes no orçamento. Além disso, o nome de Ilan para o BC foi aprovado por ampla maioria no Senado. Outra PEC que deve ser encaminhada ao Congresso nos próximos dias é a que estabelece um teto para os gastos públicos.
Um dos reflexos positivos do novo governo tem sido a volta da captação de recursos por empresas brasileiras no Exterior, que somaram US$ 9,6 bilhões nesse período. As pequenas vitórias iniciais de Temer dão esperança para o andamento das reformas mais complexas. Uma possível aprovação do teto para os gastos públicos seria uma grande demonstração de força do governo no Congresso e poderia definir o início da retomada da confiança dos agentes econômicos.