As demonstrações públicas de rechaço ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, manifestadas em gabinetes do Congresso e até mesmo em festas juninas de Brasília, dão uma dimensão do risco de conflito entre poderes com as delações envolvendo líderes influentes, muitos dos quais ligados ao atual governo. Assim como já havia ocorrido com o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quando se transformou em alvo de acusações, agora foi a vez de o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reagir. Depois de ter sido acusado de tentar barrar o avanço da Lava-Jato, o senador decidiu manter em suspense um pedido de impeachment do procurador-geral. Essas e outras reações de políticos de diferentes partidos à força-tarefa da Lava-Jato são previsíveis por partirem de quem sempre se achou acima da lei, mas não podem ser toleradas.
Editorial