Ao final da minha última aula de Desenvolvimento Econômico, um de meus alunos me aborda e questiona a minha opinião sobre o que a população de renda mais baixa precisaria para melhorar de vida. É uma pergunta desnorteadora por ser simples na sua concepção, mas extremamente delicada em termos de uma potencial resposta. Na hora, respondi de forma pragmática e ligeiramente óbvia. Mas, posteriormente, um importante complemento me ocorreu.
A parte pragmática da resposta se fundamenta em dois aspectos. Primeiro, me parece que para as pessoas mais pobres progredirem, elas precisam estar bem inseridas no mercado de trabalho. Isso significa que elas devem ter condições de oferecer boa produtividade, ou seja, ter a possibilidade de agregar valor através do trabalho que podem vender. E o que torna as pessoas produtivas é a educação. Quanto mais educadas, maiores são as oportunidades disponíveis às pessoas. Cidadãos educados conseguem fazer mais coisas e de modo melhor, isso os empodera a lutar por melhores posições e salários. Então, primeiro, educação de qualidade.
Além disso, o Estado tem um papel determinante na vida dessas pessoas mais vulneráveis. São elas que mais dependem de serviços públicos como saúde, educação, transporte e sistema de proteção social, por exemplo. Quando o Estado é ineficiente, e sustentado com base em impostos sobre o consumo, os mais pobres sofrem tremendamente – proporcionalmente mais do que as classes média e alta, vale dizer.
Mas um elemento novo merece menção nos últimos meses: a falta de boas notícias. Isso deve complementar a minha resposta preliminar. Todos estamos necessitando muito de um noticiário que ofereça mais esperança. Não são apenas os empresários que carecem de ambiente favorável para investir. Também os trabalhadores estão inseridos em uma situação onde as tenebrosas notícias da política e da economia solapam o ânimo. Arrisco dizer que os próprios indicadores objetivos não são tão ruins quanto a sensação instalada. Precisamos renovar as expectativas e entender que crises não são eternas e estamos muito (mas muito!) longe da Venezuela. Somos mais fortes e mais capazes do que estamos fazendo parecer nestes últimos tempos. Já passou da hora de sossegar o conflito político e dar um “tchau, desânimo”.