Analisando os resultados do 1T16 das empresas de capital aberto, percebemos que, de uma amostra de 356 empresas, das quais, para evitar distorções, foram excluídas Petrobras, Vale, Eletrobras e bancos, a receita líquida consolidada cresceu 3,7% ante o 1T15, abaixo da inflação do período, de 9,4%. O lucro aumentou 29,5% atingindo R$ 13,9 bilhões, enquanto o endividamento subiu 9,2%. No entanto, foi o desempenho excepcional de apenas um setor que puxou o lucro desta amostra para cima.
As empresas de papel e celulose conseguiram sair de prejuízo para lucro de R$ 3,5 bilhões no trimestre, beneficiadas pelo cenário favorável à exportação de celulose. Para analisar melhor o desempenho geral das empresas listadas, podemos excluir da amostra o segmento de papel e celulose. Dessa forma, vemos que o lucro de 351 empresas listadas recuou 18,5% no 1T16.
A Vale, por ser uma empresa produtora de commodities, também se beneficiou do efeito cambial. A receita cresceu 22,4% e a empresa passou de prejuízo para lucro de R$ 6,3 bilhões. A Petrobras teve queda de 5,4% na receita e a empresa passou de um lucro de R$ 5,3 bilhões para prejuízo de R$ 1,2 bilhão. A dívida líquida da companhia já soma R$ 370 bilhões. Atualmente, a Petrobras se destaca apenas pelo maior endividamento do mundo e pelos escândalos de corrupção.
O setor bancário, que vinha apresentando lucros crescentes até 2015, teve queda de 20% no resultado do trimestre, passando de lucro líquido consolidado de R$ 18 bilhões para R$ 14 bilhões. O desempenho foi resultado da maior inadimplência e do aumento das provisões.
Apesar dos números acima aparentarem não serem tão ruins, isso é fruto dos ajustes que as empresas vêm fazendo para se adequarem ao momento recessivo que vivemos. Se compararmos o resultado anual de 2010, último ano do governo Lula, com o de 2015, veremos que a receita consolidada da amostra de 356 empresas cresceu 81%. Entretanto, o lucro consolidado passou de R$ 77 bilhões para apenas R$ 27 bilhões no fim de 2015, uma queda de 65%. O endividamento, no mesmo período, subiu 147%. Com lucro minguante e endividamento crescente, as empresas não investem e não crescem para gerar empregos, agravando a crise econômica no país.