O Rio Grande do Sul foi o Estado que se preparou com mais antecedência para enfrentar seu próprio desequilíbrio fiscal e o agravamento da crise nacional. Fez isso até antes que a União. Em 2015, no primeiro dia de mandato, o governador José Ivo Sartori (PMDB) já assinava um decreto de contingenciamento de recursos. Diminuiu secretarias, cortou cargos de confiança, fez cair despesas em diárias, telefones, carros e outros gastos. Implantou um sistema de gestão. Tratou a crise com transparência e serenidade, sem fomentar revanchismo político. Fez uma opção pela verdade. Calibrou expectativas. De maneira simples e direta, disse que a superação dos problemas estruturais levaria tempo e dependeria da unidade de todos os gaúchos.
Essas escolhas geraram desconforto com diversos grupos, tanto do setor público quanto do privado. Teria sido mais palatável fazer um discurso de relativização ou procrastinação. Mas, sem demagogia e populismo, se impunha a necessidade de colocar a casa em ordem e de construir caminhos de mudança – mesmo com alto custo político. Baixar a cabeça e trabalhar. E foi isso que se fez. Hoje, quase um ano e meio depois, enquanto o Brasil ainda tenta desvencilhar-se de uma grave crise econômica e política, com sérias denúncias de corrupção e perda de credibilidade interna e externa, nosso Estado segue implantando transformações estruturais.
O novo modelo de concessões de rodovias é o mais recente avanço. Ao lado da Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual, da Previdência Complementar e da Lei dos Desmanches, compõe consistentes legados do governo Sartori para com um Rio Grande mais moderno, sustentável e cooperativo. E a Assembleia Legislativa, que já aprovou dezenas de projetos, também fez jus a esse chamado da história. Os resultados não são imediatos, mas as sementes foram plantadas e já começam a germinar.
Ainda há muito por fazer. O caminho é longo, não há milagre. O equilíbrio financeiro depende de continuidade. Novas transformações só virão com aceitação política e social. O pacto federativo precisa ser revisto. E o nosso governo, por óbvio, tem suas deficiências. Já passou o tempo da soberba e do monopólio das virtudes. Mas o novo momento do país encontrará no Rio Grande do Sul um Estado que está fazendo seu dever de casa com responsabilidade e consistência. Um novo futuro começa pelos primeiros passos, que já foram dados pelos gaúchos.