Só uma opinião pública mal informada ou uma opinião mal intencionada pode acreditar que a redução do número de ministérios resultará em economia de gastos e racionalização de procedimentos. A verdadeira razão da redução efetuada por Temer é outra e diz respeito à vida de cada um de nós, brasileiras e brasileiros.
Vejamos alguns exemplos e suas consequências. Ninguém minimamente informado pode acreditar que a pasta da Previdência Social foi para a Fazenda para economizar gastos com luz, água e pessoal. Foi para economizar sim, mas fazendo uma reforma na Previdência que vai cassar direitos e vai mexer no seu bolso, no bolso dos idosos, dos aposentados e daqueles que pagam rigorosamente suas contribuições como trabalhadores. Muitos leitores argumentarão que uma reforma na Previdência é necessária, posso até concordar, mas feita pelo ministro da Fazenda? Sem nenhuma discussão com a sociedade? Qual a importância do bem-estar da população mais pobre para um arremedo de governo que extingue o Ministério da Previdência Social?
Sumiu também o Ministério dos Direitos Humanos e, com ele, as secretarias de política da mulher e da igualdade racial. Economia? De forma alguma, eram ministérios muito enxutos. A verdadeira razão está no fato que direitos humanos, direitos da mulher, direito dos negros não podem ser preocupações de um grupo que chegou ao poder pelo apoio da bancada BBB – bala, Bíblia e boi. Sobre os direitos dos negros e das mulheres não precisa nem comentários, basta ver a patética foto de Temer e seus ministros, um bando de homens brancos, ricos e na maioria velhos. Um escândalo de proporções internacionais. Vergonha para todos nós, brasileiras e brasileiros.
Para não me alongar, só mais duas reduções, o fim do Ministério da Cultura que irá para a Educação, cujo ministro destaca em sua biografia (www.camaradedeputados.gov.br) o cargo de presidente da Associação Avícola de Pernambuco. Tudo a ver com educação e cultura, não? O Ministério de Ciência e Tecnologia também sofreu, estará junto ao das Comunicações. Não sei o que é pior: esta solução ou entregá-lo a um pastor como era a ideia inicial.
Em resumo, empobrecer o povo, não reconhecer as lutas das mulheres, dos negros, dos quilombolas, da população LGTB, dos povos indígenas, entre outros; acabar com políticas para a cultura, que é o espaço privilegiado de pensamento crítico em uma democracia; minimizar as ciências, a tecnologia e a inovação, tudo é necessário para viabilizar o projeto de Ordem e Progresso. Um projeto perfeito para o século 19!