O prosseguimento da Lava-Jato e as recentes gravações de Sergio Machado com os senadores Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney mostram um alto grau de comprometimento da classe política com malversação de dinheiro público e obstrução da Justiça. Essas podem ser resumidas como consequências do patrimonialismo político desse tipo de elite, que se perpetua no poder pela apropriação privada dos fundos públicos. Trata-se de uma elite retrógrada que é, sem dúvida, um poderoso fator do atraso político brasileiro. Por outro lado, a publicização dessas delações, a sua enorme repercussão pública e, sobretudo, o medo desses agentes políticos dos juízes, promotores e policiais da Lava-Jato exibem um grande amadurecimento das instituições democráticas de nosso país. Essas instituições estão fortes, enquanto a classe política expõe toda a sua falta de espírito público.
Artigo
A classe política sumiu
Professor de Filosofia
Denis Rosenfield