Desta vez, foi um senhor de idade. Na data em que completava 72 anos. Não foi uma agressão comum. Como se um filho se aproveitasse do amor e zelo do pai para atingi-lo, ele foi baleado dentro de casa por um menino.
Sobreviveu. Está em pé, mas sangra. Segue trabalhando: sua missão é maior.
No dia 19 de abril, o HPS de Porto Alegre completava 72 anos. Orgulhoso pelos serviços que presta. Um marginal se passou por paciente. Simulou distúrbio de saúde para burlar a segurança. Foi um golpe duro: usou contra o HPS a sua mais fundamental razão de existir.
O HPS convive diariamente com a violência. Aqui são atendidas as vítimas do trânsito, quedas, ferimentos por arma de fogo e todo tipo de trauma. Estamos acostumados. Somos muito bons nisso. Um dos melhores que existem.
Com o crescimento desse perfil de atendimento, há muito foram adotadas medidas visando proteger os servidores e usuários. Segurança armada integral, visitas tecnicamente organizadas, plantão policial interno, presença limitada de pessoas estranhas em suas dependências. Um veículo da imprensa citou a segurança do HPS como uma das mais rígidas e ativas. Ainda assim, são buscados recursos que permitam sua ampliação.
Após um certo período, alguns servidores, usuários e até mesmo entidades de classe passaram a acreditar serem as medidas exageradas. Os fatos demonstraram que não.
Por vezes, parecemos estar falhando como sociedade. Percebemos que o desdém às autoridades tem sido um fator contribuinte para a violência. Quando não respeitamos os responsáveis pela nossa segurança, ajudamos os criminosos.
Após fato trágico, os diversos atores, antes ausentes, bradam por mais segurança. Mesmo aqueles que criticavam. Mas talvez propicie que avanços já preconizados sejam implementados. Para tanto, será necessária compreensão dos usuários, dos servidores e das autoridades competentes.
Foi um aniversário sem comemoração. Mas esse senhor de 72 anos continua em pé.