Porto Alegre sofreu o maior aumento na tarifa de ônibus do Brasil. O reajuste de 50 centavos acompanhou o novo sistema de transporte resultado do primeiro processo de licitação realizado na cidade que resultou nas mesmas empresas que já atuavam aqui. Entretanto, a opinião pública expressa pela mídia e redes sociais mostra que, apesar das novidades, o novo aumento não foi bem aceito.
Para quem pega ônibus na Capital, fica fácil entender a origem da insatisfação. Quem esperava embarcar em um ônibus novo precisou contar com a sorte, pois os novos carros não chegam a ser 18% da frota em circulação. Dos 296 veículos anunciados, apenas 12 representam um aumento na frota enquanto o restante apenas substituiu outros carros. Ou seja, em nada diminui o tempo de espera e muito menos a lotação. Pagamos um novo valor pelo velho serviço.
Quem embarcou num ônibus logo no primeiro dia e ouviu o prefeito falar ao vivo no Gaúcha Atualidade que toda a nova frota estava equipada com ar-condicionado reagiu nas redes sociais e fez com que o presidente da EPTC corrigisse a informação. Dos novos ônibus, menos de dois terços são climatizados.
Acompanhando a repercussão do aumento fica fácil compreender o sucesso da manifestação organizada pelo Bloco de Luta pelo Transporte Público na segunda-feira da semana passada, que também foi referenciada na decisão da juíza que cancelou o reajuste.
A falta de democracia embasou a ação judicial do PSOL que saiu vitoriosa combinada com a mobilização das ruas. Foi a primeira vez em 20 anos que a tarifa aumentou sem que qualquer planilha passasse pelo Conselho Municipal de Transporte Urbano. Dessa vez, o aumento foi sancionado pela prefeitura sem qualquer controle social.
Em 2013, impulsionado pela mobilização nas ruas, o Tribunal de Contas do Estado auditou as contas das empresas que operam na cidade e concluiu que os empresários lucravam 9,74% enquanto informavam que o ganho era de 6,33%.
Como já vimos, seguem os mesmos métodos rechaçados de 2013 e nossa resposta será a mesma daquela época, a mobilização. É por aí que surge a construção de um transporte público de qualidade e para todos.