
Os brasileiros têm mais motivos para apreensões do que para descontração neste feriadão de Carnaval. O contexto econômico e político é um dos piores já enfrentados nos últimos anos. A recessão se aprofunda, com a perspectiva de que a queda de mais de 3% do PIB, em 2015, repita-se em 2016. Empresas encerram atividades, o desemprego aumenta e, para agravar a situação, o imbróglio político parece interminável. O Brasil, que em algum momento parou de crescer e agora anda para trás, enfrenta um ambiente de desconfiança generalizada, com políticos investigados, Congresso praticamente imobilizado e um governo atarantado pela falta de apoio da própria base e pela possibilidade de evolução do projeto de impeachment conduzido pela oposição.
Não há notícias boas, neste início de ano. Ao contrário, multiplicam-se os fatos e as informações negativas do final de 2015, quando o país fechou o ano com indicadores preocupantes. Até mesmo o setor agrícola registra forte queda de atividade, devido aos juros elevados e à retração dos negócios, numa situação, em algumas áreas, agravada pela queda dos preços e, por consequência, da rentabilidade da atividade. Ao mesmo tempo, amplia-se o temor com a desindustrialização do país, que perde produtividade, internamente, e competividade no Exterior.
Mesmo assim, em desacordo com a conjuntura amplamente desfavorável, o governo insiste na recriação da CPMF, transferindo mais custos para empresas e cidadãos já excessivamente tributados. A sensação de que vivemos um impasse aparentemente incontornável só pode ser revertida com respostas decididas do governo e das forças políticas. Se as lideranças políticas não conseguirem firmar um pacto de responsabilidade para desatar o nó do imobilismo, o pós-Carnaval será ainda mais trágico para o país.