Numa demonstração clara de que não se deixaram intimidar pelo manifesto de advogados que denunciou a "supressão episódica de direitos e garantias" dos investigados pela Operação Lava-Jato, os integrantes da força-tarefa que investiga a corrupção na Petrobras e em seu entorno deflagraram ontem mais uma ação surpreendente. A nova fase da operação, batizada de Triplo X, investiga as relações da empreiteira OAS com a Bancoop, Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo, que era presidida pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso desde abril do ano passado. Os investigadores suspeitam que a empreiteira lavou dinheiro mal havido por meio de negócios imobiliários que favoreceram petistas, incluindo-se aí um triplex destinado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no condomínio Solaris, empreendimento resultante da parceria entre a OAS e a Bancoop, que quebrou em 2006, prejudicando 3 mil famílias.
Ninguém pode ser acusado simplesmente por ter adquirido uma propriedade num empreendimento suspeito, mas os indícios até agora apurados pela PF e pelos procuradores federais exigem esclarecimentos do ex-presidente. Embora não tenha sequer sido citado, é evidente que Lula passa a ser o X da questão. Segundo o próprio Instituto Lula reconhece em sua nota, ele adquiriu em 2005 uma cota de participação na Bancoop, devidamente quitada e devidamente informada à Justiça Eleitoral quando disputou as eleições de 2006. Posteriormente, com a Operação Lava-Jato já em andamento, sua esposa teria desistido do imóvel e negociado com a OAS a devolução dos valores investidos.
Esses são os fatos noticiados. Resta esperar que a investigação apure se tudo foi feito de boa-fé e dentro da lei.