O reajuste de 11,6% aplicado ao salário mínimo provavelmente não foi a melhor alternativa que as autoridades brasileiras poderiam ter encontrado em meio à crise da economia nacional. Ainda mais pelo impacto nas já desequilibradas contas previdenciárias.
Embora o valor nominal do novo salário não possa ser considerado alto, o aumento relativo se mostra inadequado à nossa conjuntura, pois hoje o mais importante certamente é a preservação dos empregos e o essencial reequilíbrio dos gastos públicos.
As estimativas apontam que 2015 deve ter atingido a lamentável marca da destruição de 1,3 milhão de postos de trabalho formais no Brasil. E, segundo a Unidade de Estudos Econômicos da Fiergs, mais 1 milhão de vagas deixarão de existir neste ano de 2016. Portanto, a crise requisita das autoridades um rigoroso senso de racionalidade, tanto pela atual conjuntura adversa quanto pelas perspectivas nada alvissareiras.
A dinâmica industrial do Rio Grande do Sul não está diferente e apresenta quedas sucessivas neste que já é o maior ciclo recessivo do setor. Tudo indica que os dados do ano recém terminado mostrarão que estaremos retornando ao patamar de atividade fabril obtido em 2009, ou seja, um retrocesso de seis anos.
A economia gaúcha também enfrentará uma situação ainda mais difícil, resultante dos aumentos das alíquotas de ICMS que vigoram desde o primeiro dia de 2016. Isto significa que ficou mais caro produzir no território rio-grandense comparativamente a outros Estados.
Todos esses fatores devem ser avaliados ao examinarem-se os impactos na realidade econômica não só do mínimo nacional, mas igualmente quanto às pretensões que circundam o piso salarial regional no Rio Grande do Sul.
Uma delas é a ilógica indexação ao INPC integral, o que seria um lamentável contrassenso em face da situação crítica que vivenciamos e do patamar desmedido que esse salário estadualizado alcançou no ano passado.
O piso regional de 2015 ficou acima de R$ 1 mil, ou seja, bem superior ao mínimo nacional agora fixado, que não chega a R$ 900 para o corrente ano. Portanto, a rigor, não há necessidade e justificativa suficiente para ser novamente reajustado.
Logo, a escolha adequada seria a de manter inalterado o seu valor, fazendo retornar a racionalidade política em 2016 e a esperança de que esse desejável bom senso possa se estender a toda a nação.