A atual crise brasileira tem muitos lados perversos e alguns deles nos atingem diretamente todos os dias: desemprego, criminalidade, falta de recursos para saúde e educação, debilidade do serviço público e, inclusive, fechamento de milhares de empresas. Acrescenta-se a isso a queda na qualidade da alimentação e um quadro geral de desânimo e insegurança psicológica da população em geral.
Como a taxa de desemprego entre os jovens é mais ou menos o dobro da que ocorre em outras faixas etárias, esse fato transforma-se em significativo problema para o país.
Informações não oficiais indicam, sobretudo entre os jovens, um desejo crescente de deixar o país, em busca de novas chances, para países em que a taxa de atratividade é mais alta.
Esse panorama traz resultados desoladores. Segundo informações do Centro de Competitividade mundial, entre 60 países, o Brasil ocupa a posição de número 57 na capacidade de atrair e desenvolver talentos, ou seja, o país perdeu posição entre os demais. Outro fato: um diretor da Bosch comentou com o presidente da Fiergs, Heitor José Müller, que a empresa tem 46 mil pesquisadores ao redor do mundo e registra 16 novas patentes por dia.
Cabe também observar o exemplo do Vale do Silício, que concentra a maior quantidade de cérebros bem preparados da face da terra. Todos os dias o Brasil utiliza e se beneficia dos inventos lá desenvolvidos.
Além disso, como consequência da primeira e segunda guerras mundiais, a Europa perdeu centenas, talvez milhares, de talentos bem preparados para países de outros continentes, que os receberam de graça e que, em consequência, desenvolveram-se mais, o que representou um grande ganho de saber para esses países e uma perda tecnológica para a Europa, só recentemente recuperada.
Essa reflexão permite formular uma sugestão aos governantes, em nível estadual e federal, no sentido de desenvolver grande esforço junto com empresários, universidades, mundo técnico e científico, para evitar a fuga de talentos e para manter empregados no Rio Grande do Sul e no Brasil. É uma tarefa fundamental e urgente.