O Brasil não pode aceitar com resignação a informação de que estancou a sua capacidade de melhorar a qualidade de vida da população. É o que indica o Relatório de Desenvolvimento Humano, das Nações Unidas, no qual o país perdeu uma posição em relação ao ranking anterior, que compara dados de 188 países. Ficamos, em 2014, no 75º lugar, abaixo de nações com menor potencial econômico, como o Sri Lanka. A pesquisa é a denúncia mais acabada dos efeitos da estagnação da produção e da consequente perda de emprego e renda nas condições de vida, depois de um período de recuperação.
Não é um dado alarmante, mas que aciona um sinal de alerta. De 1990 a 2014, o IDH do Brasil vinha crescendo, em média, 0,91% por ano. Nesse período, tivemos o maior crescimento da América do Sul, por conta especialmente de programas de transferência de renda e da performance da economia. Mesmo assim, é constrangedor que estejamos muito distantes da Argentina, na 40ª posição, do Chile, na 42ª, e do Uruguai, no 52º lugar. Outra conclusão, essa ainda mais preocupante, é oferecida pelo que a ONU define como IDH Ajustado à Desigualdade. É o indicador que expõe nossas distorções na educação, na saúde, na renda e na expectativa de vida.
Nesse quesito, o Brasil se defronta com desigualdades sociais que, comparadas às dos vizinhos, nos deixam em pior situação. Nações como Peru, Equador e Jamaica, abaixo do Brasil no IDH geral, ficam em melhores posições que a nossa no IHD da Desigualdade. O que o ranking da ONU indica é que perdas econômicas, provocadas pelos desacertos do governo, acabam por punir sempre os menos protegidos socialmente. O desafio agora é evitar que o Brasil perca, nos próximos anos, parte do que conquistou em duas décadas. O ideal a perseguir é a manutenção da tendência de melhoria que se rompeu no ano passado.