Em meio às crescentes dificuldades do Planalto de definir metas objetivas na área econômica e de aprovar medidas fiscais num Congresso dividido por disputas políticas, é positivo que pelo menos algumas vozes isoladas comecem a alertar para os riscos dessa inação para o país. Fora do âmbito político, a mais recente contribuição para o destravamento econômico é a do presidente da Renner. Preocupado com os danos da persistência e do agravamento da crise, José Galló defende uma mobilização suprapartidária, com a participação de empresários de diferentes setores, para convencer o Congresso a fazer o que lhe cabe nesta hora. Propostas dessa natureza precisam ser devidamente avaliadas, pois a atividade econômica não pode pagar o preço da incompetência e do oportunismo político.
O país chegou a esta situação em grande parte por questões político-partidárias, motivadas pela busca do poder a qualquer preço. Quem paga a conta da incompetência gerencial, porém, acaba sendo a população, que vê o seu poder aquisitivo corroído por inflação e taxas de juros elevadas demais, pela perspectiva de aumento do desemprego e, também, pela indefinição sobre o futuro diante da falta de pulso firme por parte de quem já deveria ter agido.
Como adverte o empresário gaúcho em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ninguém irá investir no país sem a definição de um horizonte de previsibilidade. Diante da gravidade da crise, não haverá saída sem ônus para os brasileiros e desgaste para os políticos. Ainda assim, as providências são inadiáveis - e o empresariado faria um bem para o país se contribuísse para aprová-las.