Editorial diz que Petrobras foi vítima do aparelhamento político. Você concorda? clique aqui
Um ano e oito meses depois de deflagrar a Operação Lava-Jato, a Polícia Federal divulgou novo laudo pericial, estimando em R$ 42 bilhões a soma de pagamentos indevidos feitos pela Petrobras a 27 empresas que integravam um cartel comandado pelas maiores empreiteiras do país, apenas entre 2004 e 2014. Ainda que o valor apurado resulte de uma estimativa feita sobre a majoração excessiva das margens de lucro das prestadoras de serviço e do percentual destinado à propina de agentes públicos e políticos, o total já recuperado pela Justiça em 33 delações premiadas e três acordos de leniência é real e chega a R$ 2,4 bilhões – o que por si só já justifica plenamente a investigação.
É doloroso para os brasileiros constatar o declínio da Petrobras, que se desvaloriza a cada dia e que na última quinta-feira voltou a anunciar nova queda de sua receita líquida. Antes de ser saqueada pelo esquema delituoso que incluiu formação de cartel, crime contra as licitações, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro nacional, a empresa foi – e continua sendo – vítima do aparelhamento político, da má gestão e da burocracia corporativista. Agora, com a produção estagnada, a receita em declínio e endividada, enfrenta ainda um cenário externo adverso em decorrência da redução dos preços internacionais do petróleo.
Os brasileiros têm orgulho da Petrobras, da sua história, da sua contribuição para o país e da competência dos servidores que ajudaram a empresa a se tornar uma referência mundial. Mas estão decepcionados com a roubalheira e com os gestores públicos que tentam se apropriar da companhia, sob o pretexto de que a estatal é intocável e de que seu modelo de gestão não pode ser alterado. Pode, sim. A gestão temerária dos últimos anos, que levou a Petrobras à beira do abismo e facilitou a ação dos saqueadores, precisa dar lugar ao gerenciamento responsável, à modernização administrativa e ao controle efetivo dos acionistas e dos cidadãos, que afinal são os verdadeiros donos da empresa.
A Petrobras não pode continuar refém do monopólio da esperteza.
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