Rosane de Oliveira: Dilma sofre sequência de derrotas no mesmo dia

Cercada de problemas por todos os lados, a presidente Dilma Rousseff teve uma quarta-feira repleta de derrotas, todas previsíveis e anunciadas. Terminou o dia no vermelho, fragilizada pela estratégia equivocada de sua defesa, que tentou afastar o relator das contas de 2014, ministro Augusto Nardes.

Por unanimidade, os pares de Nardes no Tribunal de Contas da União acompanharam o voto do ministro Raimundo Carreiro e avalizaram as condutas de Nardes, incluindo as entrevistas contestadas pelos Planalto.

Em decisão unânime, TCU recomenda rejeição das contas de Dilma
Em infográfico, entenda o que são as pedaladas fiscais do governo

A amarga quarta-feira da presidente começou pelo Congresso, com o fracasso da segunda tentativa, depois da reforma ministerial, de apreciar seus vetos a projetos da chamada pauta-bomba. Ao negar quórum, os aliados do governo mostraram que a maioria de Dilma no Legislativo é uma abstração. No mérito, deputados e senadores estão sendo irresponsáveis ao não apreciar os vetos. Imaginando prejudicar a presidente, conspiram contra o país.

Seguiu-se a derrota no Supremo Tribunal Federal, que negou liminar para retardar a votação das contas de 2014. O ministro Luiz Fux entendeu que não havia motivo para impedir a sessão do TCU e abriu caminho para a rejeição unânime das duas ações em que o governo tentava impugnar o relator Augusto Nardes. Daí para a rejeição das contas propriamente ditas faltava apenas um passo.

Somadas as derrotas de quarta-feira com a da véspera, quando o Tribunal Superior Eleitoral autorizou o prosseguimento da ação que questiona as contas de campanha, ficou a sensação de um 5 a 0, com gol contra da defesa. Na tentativa de retardar a aprovação das contas e não dar combustível para o impeachment, o governo acabou expondo seu desespero. Mais do que as pedaladas fiscais, que os técnicos do TCU e os ministros consideram desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal, as derrotas de Dilma são consequência de um processo de erosão de seu governo.



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