Em junho deste ano, durante o 2º Congresso Nacional da CSP-Conlutas, um membro do comitê central do PCB fulminou os conservadores com o poema em que Brecht sentencia um homem dito bom a morrer num bom paredão, com uma boa espingarda, uma boa bala e com sepultura numa boa cova. Calorosos aplausos da plateia referendaram a fala. Alguém filmou, vazou e o vídeo prolifera nas redes sociais sob óbvias rejeições. O site do PCB atribui tais repulsas - ora vejam só! - a uma direita "fascista e raivosa". Lembrei-me do livro Camaradas. Esse excelente trabalho de pesquisa e jornalismo, empreendido por William Waack sobre a Intentona Comunista de 1935, foi viabilizado quando a abertura dos arquivos de Moscou permitiu escrutinar com correção os fatos da época. O livro inicia com pequeno trecho de uma das peças teatrais didáticas produzidas por Brecht: "Quem luta pelo comunismo tem que poder lutar e não lutar, dizer a verdade e não dizer a verdade, (...) manter a palavra e não cumprir a palavra (...). Quem luta pelo comunismo tem de todas as virtudes apenas uma: a de lutar pelo comunismo".
Artigo
Percival Puggina: camaradas!
Escritor